Comentário
Steve Doig finaliza II Congresso Internacional de CiberjornalismoApesar da pouca audiência e da conferência ter começado com largos minutos de atraso, o professor da Universidade do Arizona lançou-se ao público com humor mas ainda assim sensatez e sentido de clareza. A sua especialidade é o jornalismo de investigação que usa a análise de dados, um jornalismo ainda pouco utilizado e conhecido em Portugal. O conferencista admite que o jornalismo de investigação requer tempo, dinheiro e mão-de-obra, dividindo-o em jornalismo que "traz a público um problema e ilustra-o com historietas" e jornalismo que usa as bases de dados para analisar e definir um determinado problema, o denominado "jornalismo de precisão". Ora, Doig soube defender a sua tese dando exemplos de várias reportagens de investigação que considera terem os requisitos para serem as melhores, e realçou a importância do New York times como "mestre em base de dados". O docente conseguiu realmente trazer algo de novo ao Congresso, atestando que a solução de negócio para o ciberjornalismo será a melhoria de conteúdos dos sites noticiosos, bem como das técnicas de investigação dos
jornalistas. Na perspectiva de Steve, são necessários jornalistas dotados com maiores e melhores capacidades analíticas. Dominar e utilizar software como o SPSS ou o EXCEL é um dos exemplos do que pode ser feito. Sem dúvida, é cada vez mais uma via a explorar. A maior parte da audiência não tinha consciência disso, mas o jornalismo de investigação que utiliza a análise de dados pode ser muito útil para a população e par denunciar os "podres" da sociedade, e portanto uma das principais funções do jornalismo: escrutinar. O americano também fez questão de salientar que o jornalismo de investigação é vital para a democracia, sendo que a mesma necessita do jornalismo como "watchdog" do poder. Um dos exemplos dados por Steve Doig foi de facto fundamental para quem estava na sala perceber o alcance deste tipo de jornalismo: uma base de dados criada por jornalistas do Sarasota Florida Herald-Tribune que denuncia professores nos EUA que têm cadastro de abuso sexual de menores, mas continuam em funções e em pleno exercício do ensino. A mesma permitia aos pais verem se os professores dos seus filhos se encontravam nessa lista, evitando provavelmente deste modo, futuros crimes de abuso sexual de menores. Steve Doig mostrou-se excelente comunicador, pois soube interagir com o seu público, e acima de tudo que a sua apresentação e o seu trabalho eram do maior valor e fazem ambos muito sentido actualmente. Terminou assim, em beleza, o II Congresso Internacional de Ciberjornalismo. | .Luís Mendes - Colaborador do Impressão
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